Fala, pessoal!
Chegamos a última cobertura dos jogos entre o São Paulo (SPFC) e Regatas (CCRN) com a categoria sub-14 pelo campeonato paulista – você pode ler sobre os outros dois jogos aqui: sub-12 e sub-13.
Ambas equipes entraram no jogo liderando a chave A com campanhas iguais (12-3). A partida tinha tudo para ser bem tranquila e com pouca intensidade, uma vez que a posição da chave não importa na próxima fase, mas isso passou longe de acontecer e pude testemunhar uma das melhores defesas desse primeiro semestre!
1º quarto:
O São Paulo começa o jogo passando muito bem, girando a bola de fora para dentro e acionando João Victor e Alerrandro (10,64 PPJ) próximos a cesta. Com isso, o time do Regatas passa a fechar mais a defesa para evitar os passes dentro. O que acontece? Bola de fora de Tiago Marques! Início muito forte do time da casa.
O Regatas não ataca com velocidade e acaba permitindo que o SPFC recuperasse a bola, onde Alerrandro puxou contra-ataque com muita velocidade e qualidade, finalizando com mais 2 pontos. O time inteiro estava impondo um ritmo defensivo e ofensivo muito alto, além de passar com muita qualidade. Tanto que em um fundo-bola, Miguel (9,93 PPJ) recebe e converte mais 2 pontos, forçando um pedido de tempo pelos visitantes – 11×2 e 5min57s por jogar.
SPFC fecha bem a linha de passe
Após a parada, o time visitante volta muito mais ativo e respondem com uma bela jogada do armador Breno (12,8 PPJ), que busca o jogo de 1×1 contra seu marcador, infiltrando a defesa são-paulina e finalizando com um belo giro. Breno é um armador alto e forte, não é explosivo mas compensa com muita técnica e visão de jogo.
A defesa campineira conseguiu frear o momento dos anfitriões, dificultando seu ataque com uma defesa zona. O ataque rodava bem a bola mas se mostrou bastante dependente de Breno para finalizar. Outro ponto interessante dos visitantes nesses primeiros 10 minutos é que sua defesa se recuperava bem dos bloqueios, já o SPFC encontrou mais dificuldade e acabou levando uma bola de 3 de Kaue.
O tricolor volta a aparecer com o jogo de Alerrandro, que marca um falta+cesta além de continuar a iniciar os contra-ataques com muita intensidade. Aliás, falei com o ala sobre esse modo de jogo, que estava muito mais presente nesse partida do que quando o vi contra o Brazolin (leia aqui). Ele me falou sobre essa intensidade de seu jogo:
“Contra o Brazolin foi apenas meu 5° jogo pelo São Paulo, eu ainda não me sentia confortável em quadra, pois puxar rápido os contra-ataques e agressividade sempre foi o meu estilo de jogo em Rio Preto”.
Final de primeiro quarto: SPFC 17 x 7 CCRN
2º quarto:
Segundo quarto
O quarto já começou com uma jogada bastante técnica do cestinha tricolor, Calebe (11,14 PPJ), onde o ala partiu para cesta, fez um hesitation e depois prosseguiu para finalizar na bandeja. E o camisa #12 começou forte, onde no ataque seguinte sofreu um falta+cesta (converteu lance-livre) e fez os 5 primeiros pontos de sua equipe.
Defesa forte em Atauri
A defesa dos donos da casa é muito forte e pressiona bastante o maior pontuador campineiro, o ala/armador Lucas Atauri (14,6 PPJ), complicando muito suas chances de pontuar. Em uma dessas defesas, o ala Klaus (6,6 PPJ) rouba a bola e dispara para fazer mais 2 pontos. A pressão do SPFC é tão pesada no quarto que os visitantes estouram os 24s durante um ataque e os 5s de reposição (2 vezes!). Rapidamente a vantagem que era de 10 ao fim do primeiro quarto se torna 17 (26×9).
Todos os jogadores do SPFC pressionaram bastante na defesa e agrediam o adversário no ataque, tanto que o armador João Felix conseguia cortar a defesa adversária diversas vezes.
O Regatas encontrou muita dificuldade em se aproximar da cesta, até que passou a acionar seu pivô Isaac (5,54 PPJ) e conseguiu chegar próxima da mesma pela primeira vez. Já o São Paulo buscava chegar próximo a cesta por via de assistências, girando muito a bola por fora até fazê-la chegar na área pintada. O posicionamento também era muito bom para recuperar rebote ofensivo, o que aconteceu por volta de 3X no quarto!
Defesa do SPFC
O SPFC continuava com sua defesa ativa, não deixando o armador trabalhar com muito espaço e dobrando após corta-luz, isso quando não fechavam muito bem as linhas de passes. E foi em mais uma dessas defesas que Klaus dispara para o ataque e fecha mais 2 pontos (faltou a cravada hein!), ampliando em muita a vantagem. Tempo pedido pelo Regatas com 3min14s por jogar e 35×12 no placar.
No retorno do tempo, o time campineiro espaça mais a quadra, permitindo que Atauri explorasse o jogo interno com infiltração. O ataque do time melhora bem mas a defesa ainda sofre muito com as transições rápidas do SPFC. Em uma jogada extremamente técnica, o armador João encontra Calebe em condição de cesta e encaixa um passe picado no meio do contra-ataque, e o ala completa a assistência.
Tempo pedido com 39×18 e 1min30s por jogar.
Para finalizar esse quarto impecável dos donos da casa, Calebe aplica o bom e velho walk the dog e finaliza com poucos segundo para o fim do primeiro tempo e ainda sofre falta+cesta.
Final de segundo quarto: SPFC 45 x 21 CCRN
Segundo Tempo:
Terceiro quarto
O Regatas começa o segundo tempo buscando um jogo mais de dentro para fora, acionando mais seu pivô Pedro Henrique (7,53 PPJ). Foi uma estratégia ótima quando se observa o time do SPFC que aposta num jogo de transição e defesa ágil – jogam com 4 alas e 1 pivô e funcionou bem. Pedro é um pivô forte e ganhava espaço com facilidade, causando muita dificuldade em ser marcado pelo time da casa. O camisa #15 trouxe muita energia para o segundo tempo.
Defesa em Pedro no 1Q se repetiu durante a partida
Com essa atenção para o garrafão campineiro, Atauri conseguiu converter uma bola de 3 pontos e diminuir a diferença do jogo. O problema é que a reação foi contida um pouco antes do meio do terceiro quarto, quando a intensidade defensiva do SPFC voltou e passou a cortar passes e dificultar as ligações. Aliás, esse foi um outro ponto que conversei com Alerrandro, se essa seria a grande arma tricolor:
“Penso que a defesa é nossa principal arma em todos os jogos, pois com a defesa forte tomaremos poucos pontos e, com a qualidade do nosso time, o ataque fluirá naturalmente”.
O Regatas ainda sente dificuldade em trabalhar coletivamente e muitas jogadas são individualizadas, mas Pedro ajuda a manter o ataque do time vivo recuperando muitos rebotes ofensivos, inclusive sofrendo falta+cesta em um deles.
Último quarto
Chegando no último quarto com diferença de 21 pontos (52×31), o Regatas já procurou acionar seu pivô Pedro, mas o SPFC dobra em todas as bolas que entram no garrafão, o que liberou para o Breno abrir o placar com uma bola de 3. A defesa sobe sua marcação e passa a pressionar mais o time da casa, forçando girarem a bola com mais velocidade e acabam cometendo erro, gerando contra-ataque para o time de Campinas.
Pivô Pedro atrai defesa e deixa Breno #17 livre
A pressão campineira continua e ainda conseguiram forçar um turnover do adversário na saída de bola.
Defesa pressão do CCRN
Em resposta a esse bom momento, o armado João Felix faz uma das jogadas mais bonitas da partida, onde o camisa #10 quase perde a bola na quadra de defesa, porém se recupera e acaba saindo da marcação de 3 defensores – veja lance aqui – e ainda encontra Miguel para completar a assistência e sofrer falta. Banco e torcida vibraram muito nesse lance!
O CCRN marcou zona e a defesa funcionou bem, forçando o São Paulo a arriscar de longe – que não é o forte, porém o ataque seguinte foi finalizado muito rápido, com poucos segundos na quadra ofensiva. E é exatamente isso que os anfitriões querem, que jogo acelere. Nesse momento, João Felix recupera o rebote, passa para Calebe que encontra Klaus entrando no garrafão. Resultado? Falta+cesta.
Defesa zona do Regatas
A partir daí, o cestinha campineiro, Atauri, passou a ter um jogo mais intenso e cortou seu defensor sofrendo falta. Na defesa, o Regatas pareceu ter encaixado seu jogo e o SPFC se complicou mais uma vez ao dar de cara com a defesa zona campineira e seguram demais o jogo sem tomar uma ação.
O ataque continua acionando o pivô Pedro, que sempre chamou a atenção da defesa e liberava os homens do perímetro, dando mais opções para Breno, Atauri e Enrico (7,91 PPJ). No entanto, o pivô cometeu sua 5ª falta e precisou sair da partida. Outra mudança que veio com sua saída foi que a defesa voltou a ser individual e, imediatamente, o SPFC se comportou melhor. João cortou seu defensor, viu Tiago Marques livre na zona morta, entrando no garrafão, e ao receber, já passa para Miguel embaixo da cesta. É bem interessante essa forma do SPFC pontuar no garrafão com o pivô, geralmente é via de passe até acionar um companheiro.
A defesa do Regatas passa a contestar melhor as infiltrações dos jogadores, e o ataque a agredir o garrafão com mais velocidade, onde Atauri deu uma bela assistência para Isaac no trailer. O pivô é muito mais alto que os jogadores adversários e, em velocidade, os defensores não puderam fazer nada além de observar. E essa jogada é realizada mais uma vez, onde Atauri encontra o armador Breno que sofre falta e converte a cesta.
Isaac no trailer
Chegando ao final do jogo, é importante mencionar um fato que não entra nas estatísticas e que me chamou bastante atenção. Atauri falava muito com seus companheiros, dava broncas, incentivava, aplaudia quem saia e entrava, corrigia posicionamentos… E não foi só no início do jogo, foi no final também! Essa postura de liderança é bastante rara de se ver nessa idade e perguntei para ele de onde surgiu essa comportamento:
Atauri incentiva companheiros
“Então, ano passado meu ex-técnico, em uma conversa muito produtiva, me pediu para eu exercer esta função de líder pois, neste ano, eu estava sendo muito individualista pensando só em pontos, e eu agradeço por esta conversa porque mudei minha mentalidade em função de ajudar o time sendo um líder. Mas meu técnico atual também cobra bastante de mim”.
Essa postura pareceu ter sido abraçada pelo ala/armador, que acaba se responsabilizando pela equipe até mesmo fora das quadras, onde pude ver um exemplo desse comportamento pouco antes de seu time entrar para o aquecimento. Além disso, quis saber o que mais pesou nessa partida contra o SPFC, visto que foi muito mais equilibrada no primeiro turno, e o que mudou do primeiro para o segundo encontro:
“A maior dificuldade foi que nós não conseguimos encaixar nossa defesa para os contra-ataques rápidos do São Paulo. E a maior mudança foi que nós estávamos desfalcados, sem ajuda do nosso ala Pedro (terceiro cestinha com 9,5 PPJ) e do nosso armador Vitão. O Vitão com o tornozelo torcido seriamente com volta talvez no ano que vem e o Pedro doente com gripe”.
Melhoras e boa recuperação para ambos! Que retornem o mais breve possível!
Final de jogo: SPFC 74 x 49 CCRN
Scout
Com esse resultado, o SPFC termina a fase de classificação em primeiro do grupo e o Regatas logo em seguida. Essa categoria vem sendo muito divertida de se observar pela sua imprevisibilidade e jogos duros – em ambas as chaves. Eu já estou ansioso para ver o encontro dos dois lados!
É isso, pessoal, um abraço e até a próxima!